sábado, 15 de setembro de 2012

se nom queres caldo, sete cunqueiros

 merlín e familia e outras historias, editorial galaxia. vigo 1955.
as cronicas do sochantre, editorial galaxia. vigo 1956
os outros feirantes, editorial galaxia. vigo 1979.
si o vello sinbad volvese ás illas..., editorial galaxia. vigo 1961. 

sete nom forom, mais quase. a leitura foi apaixonada e devoradora. comecei com o merlim, levada pola leitura anterior de galván em saor, de dario xohán cabana. andava a buscar leituras artúricas para o meu alunado e acabei enleada nas cuncas mindonienses e reflexionando sobre os perigos das leituras obrigatórias.

lera cunqueiro em terceiro de bup ou cou, nom lembro. foi uma leitura obrigada e nom-explicada. tinhamos que ler na casa e fazer uma prova. nom percebim nada. e nom gostei. gostei assim tam pouco que cunqueiro ficou confinado ao andel dos clásicos incomprensíveis e pouco interessantes. como ademais o senhor simpatizava com as direitas e andava aos netos de vinho na festa do alvarinho, pois pior para ele perder esta leitora.  

ao ler agora merlim e família, gocei imensamente: da riqueza léxica, das múltiplas intertextualidades, do humor, especialmente do humor que ressuma em cada frasse, em cada pausa. porque podia contrastar a leitura com as leituras dos livros de cavalarias, com as lendas artúricas vividas no cinema e nos romances.

porém, o melhor foi recomeçar a leitura do si o velho sinbad... assim começa o relato: Botou as cascas de laranxa ao mar. Goteáballe o zugo polas mestas barbas. Berroulle ao rapaz que estaba facendo uns estrobos na gamela. e de súbito percebim por que nom gostara naquele afastado terceiro de bup. já na primeiro parágrafo palavras desconhecidas. se descubrim os estrovos na arouça, há nada de tempos!! se há quatro anos que diferencio uma gamela duma dorna! e seguim a ler e a rir porque cruzava este sinbad com o das mil e uma noites que, sim, agora tenho lidas e relidas. 

quanto dano fazemos ás vezes nas nossas aulas! como podemos dar a ler uma obra sem contextualizá-la, sem acompanhar a leitura, sem subministrar as chaves de interpretaçom... certo é que a minha experiencia destrutora do grande cunqueiro vém de há vinte anos, mas as práticas em muitas aulas de literatura nom tenhem mudado muito com a mudança de século. 
penso que, a dia de hoje, é preferível ler um só capítulo, um só poema, um só trecho de qualquer obra, acompanhando ao alunado na leitura, que abandoná-lo num território sem mapas nem guias.

a mim dérom-me caldo e nom gostei. mas soubem recuperar os sabores e eu, que nom quigem cunqueiros, tomei sete cuncas. quantas companheiras de classe nom tiverom a mesma sorte?

2 comentários:

Maraghota disse...

Pois eu teño a mesma lembranza sobre Cunqueiro... Haberá que darlle unha segunta oportunidade, logo!

farangulha disse...

penso que vale muito a pena. merlín é familia é mui divertido se ainda lembras as aventuras do rei arturo e do santo graal. e o de sinbad é mui triste e tenro e divertido. para coneguir essas três cousas num só livro há que ser um grande escritor.